domingo, 19 de agosto de 2007

Férias em familia - Capítulo II

A viagem até Santiago correu lindamente. Os cinco lá fomos pelas estradas perdidas da Espanha (os cinco, porque a menina do TomTom foi adoptada). Por vezes o meu pai chateava-se com a menina, pois mandava-nos virar em sentidos proibidos ou para estradas que não existiam… Foi delirante ouvir o meu pai a discutir com um aparelho electrónico, como se estivesse a discutir/falar com uma pessoa real.
Chegados ao hotel, que era muito bom, Hotel de Santa Luzia, arranjamo-nos e seguimos até à cidade dos peregrinos: Santiago de Compostela, cuja lenda se pode ler num outro post intitulado “A lenda de Santiago”. Muitas comprinhas, paragem obrigatória num bar que descobrimos por lá à dois anos e jantar numa tasquinha. A comida espanhola nada se compara à nossa, nós comemos e eles petiscam… Depois existia o problema da língua, que eles teimam em não nos compreender…
Claro que coisas básicas como “café solo” (uma bica) ou um “vaso” de água (copo de água) nós conseguíamos transmitir. Mas aprendemos outras coisas, tais como “quanto vale” (quanto custa) que era a frase favorita da minha irmã.
Ainda que seja estranho que quando se entra em qualquer lado nos dizem olá, em vez de boa tarde ou bom dia, e nos digam até logo, em vez de adeus. Quem os há-de perceber… povo estranho que não come.
As ruas de Santiago são quase mágicas e fazem-nos embarcar através tempo até à época medieval. Muita animação de rua incluindo o senhor preto que toca jazz. As gravuras feitas da cidade em carvão são deliciosas… E a imagem da catedral fica-nos impressa na mente para sempre… O entardecer, as cores do por do sol a contrastarem com aquele monumento gigantesco fazem-nos sentir tudo o que aquele lugar é. Um marco histórico de fé…
No dia seguinte, embarcamos rumo à cidade de Coruña. Poderia dizer-se que é uma estância balnear, mas a sua beleza vai muito aquém das belas praias. Pode-se ver toda a cidade do miradouro de San Pedro, cujo ascensor é uma esfera perfeita… e ainda por cima é gratuito. (pode-se ler mais sobre este ascensor e miradouro no post “San Pedro”). Tive pena de não ter tido tempo para visitar alguns dos museus desta cidade, nomeadamente o Museu da Ciência, que pelas fotografias do panfleto deveria ser muito interessante…
Regressamos ao hotel e fomos jantar em Santiago, planeando o caminho de regresso a Portugal e fazendo as últimas compras. Comprei um licor de ervas que é delicioso e também tenho a famosa garrafa de Queimada.
Mais uma vez o meu pai se chateou com o quinto elemento da família, o GPS… Pois parecia só querer funcionar de dia, ainda disse ao meu pai que ele não funcionava depois do jantar porque nós não lhe dávamos comida…
Arrumar as coisas e partir em direcção à Régua, passando por Montalegre, a vila mais perto da terra da minha avó paterna que é Penedones. A placa mais bonita que vi em Espanha foi “Portugal a 20 Km” podem dizer o que quiserem, mas o meu país é o meu país… Não há nada mais bonito do que este “jardim à beira mar plantado” como o poeta diz…
Durante a viagem, a minha mente viajou… As nuvens pareciam pedaços de algodão doce espalhados pelo céu… O verde das árvores contrastava com o cinza das pedras e convidava a entrar nesse mundo tão próprio da natureza, gritavam para que fizéssemos parte dele… Cheguei a imaginar-me no cimo do monte, deitada à sombra de uma daquelas árvores, olhando o céu e relembrando todos os segredos escondidos nas entranhas daquelas florestas…
Quando chegamos à Régua, tudo estava como me lembrava e passeamos junto ao Douro, comemos uma posta de carne (acho o termo antagónico, tendo em conta que posta seria de peixe) e regressamos com a luz da lua para a residencial. No restaurante trataram-nos como se fossemos da casa, o que é deveras interessante, porque o meu pai é que já cá veio mais vezes, mas reduz-se apenas a três visitas…
As férias estão a chegar ao fim, mas como ainda não acabaram… Amanhã segue-se um passeio no Douro antes de se regressar à Macarca.

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