terça-feira, 24 de março de 2009

Refúgio…

Existe um sítio no qual me perco desde criança. Gosto de estar nele, de o observar de longe e mesmo de o recordar. Em todas essas alturas um sentimento de paz trespassa o meu espírito e deixa-o leve. Faz-me sentir viva e recarregar baterias, é um refúgio para mim…

Quando a lua está bem alta, iluminando tudo e espelhando-se nas águas desta baía, sinto-me como se estivesse lá em cima e pudesse ver a minha vida como se de um filme se tratasse. Adoro sentir o cheiro da maresia a invadir-me o corpo, deixar o som das ondas embalar a minha alma e sonhar, apenas estar. Não pensar em nada e pensar em tudo. Deixar que os pensamentos se embrulhem e espraiem como as ondas do mar quando vêm ao encontro da terra…

A praia para mim é um dos locais mais bonitos, a convergência dos elementos da natureza. Claro que poderiam dizer que apenas 3 dos quatro elementos convergem neste ponto, mas não é totalmente verdade. A água, a terra e o ar são obviamente identificados pelo mar, areia e brisa, respectivamente, algo que todos conseguimos observar. Quanto ao quinto elemento que se julga existir, mas que muitos não padecem dessa opinião, coexiste na calma e serenidade que este local nos transmite. Faltaria o fogo, mas está presente quando acendo um cigarro enquanto estou só, sentada na praia, bem junto à água, deixando-me envolver por aquele sequencial bater de ondas na areia…

Adoro simplesmente deixar-me à deriva num sítio que me sinto segura, deitar-me e olhar o céu que se estende numa imensidão, um tesouro pronto a ser resgatado… e com o olhar vou apanhando estrela a estrela, até não sobrar nenhuma…

Poder fechar os olhos e apenas sentir… sonhar… não ter hora para voltar desse sonho… deixar com que o vento brinque com os meus cabelos e me acaricie a face… deixar as lágrimas rolarem sem me preocupar se alguém poderá ver… sem me preocupar em usar a máscara e ser eu por uns instantes.

Eu, aquela que sente, que chora, que sai magoada e que só cura as feridas após longos tempos de recobro. Eu, a menina, envergonhada, tímida, que tem medos e angústias. Eu, que sonho e por vezes não quero viver porque sei que a realidade não é um conto de fadas e não acaba com “e foram felizes para sempre”. Aquela parte de mim que fica escondida, ou pelo menos tento esconder das pessoas que me rodeiam, que povoam o meu mundo.

É neste cantinho, neste pedaço de terra, que deixo de ser forte, de ter garra para enfrentar tudo e todos, que me lembro que não posso fazer tudo e que tenho que ter cuidados. É aqui que posso amar, mesmo que em silêncio, que posso deixar o meu coração voltar a bater. É aqui que venho sempre que preciso de ser eu, de chorar, de resolver problemas que me massacram a alma…

Ser espectador da nossa própria vida…

Durante anos pensei em mim sentada numa plateia de um teatro, luxuosamente decorado. Com cadeiras forradas a veludo vermelho, espaçosas…, os camarotes em entalhe de madeira dourada, e cheios de gente vestida com a sua roupa domingueira em estilo século XIII. Longos vestidos por cima de corpetes bem apertados, tudo no devido sítio em prol de uma beleza que hoje em dia nada tem a ver com o nosso conceito de beleza ou conforto.

Estava nessa plateia como hoje ando na rua, rodeada de um puro sentido de hipocrisia que banha a sociedade, que inunda os seres que compõem a sociedade a título de última fragrância, a mais cara e a mais sensual. Mas poucos se apercebem que em vez de a apreciarem, depressa ficam viciados nela e não vêm mais nada à sua frente, apenas a desejam e vivem segundo os seus desejos, segundo as suas regras.

Pois neste meu teatro eu vejo o decorrer da minha vida, porque nesta sociedade acabo por me sentir muitas vezes um espectador da minha própria essência. Existem factores que quero mudar no mundo, mas segundo a sociedade não posso porque não seria correcto.

Não é correcto uma menina, peço desculpa, senhora, estar no meio de homens até às quinhentas, no entanto todos sabemos que as grandes discussões de economia, política, religião e educação, entre outras, só se tornam interessantes e deveras verdadeiras quando os cavalheiros despem a capa diplomática e confiam nos seus confrades, isto é, quando as conversas são realizadas a altas horas da noite e com algum álcool à mistura.
Por norma uma mulher não é admitida para estas reuniões porque a sociedade, não o homem, sexo masculino, as considera inferiores. Não foi à muito tempo, que em plena aula de faculdade um professor disse que as mulheres deviam estar em casa a lavar pratos e a tratar dos filhos e não a tentar aprender alguma coisa, porque isso era a tarefa dos homens.

Nota de rodapé, o curso era frequentado maioritariamente por mulheres e é um curso de Matemática, o qual não é propriamente fácil, mas quem sou eu para dar a minha opinião, afinal sou apenas uma mulher…

Custa-me tentar mudar o mundo e ter que viver com o “tens que te vestir como a senhora que és”, das duas uma, ou sou uma imagem criada pela sociedade, caricaturada através dos tempos e sem personalidade própria, ou sou eu, e se a segunda prevalece, e tem prevalecido devido a um defeito iminente que persiste desde idades mais ternas, a teimosia, então não serei um boneco a comando da sociedade, mas usarei a sociedade em proveito dela própria, para a melhorar, para a tornar menos fútil, menos ignorante, menos hipócrita, menos sovina, menos estereotipada.

Precisamos de passar o véu das aparências, precisamos de saber o que as pessoas, as empresas, os sectores económicos realmente valem, mas pelo que valem, não apenas pelo que têm, de onde vêm ou pelo que aparentam ser.

Todos devemos ter uma hipótese de mostrar quem somos e não ficarmos espectadores da nossa vida apenas porque nascemos no sítio errado na hora errada ou com o sexo errado. As variáveis envolvidas neste jogo de poder são mais que muitas e não as podemos condicionar a todas, mas podemos apelar aos valores. Começar por pensar num mundo em que valores como a igualdade, a fraternidade, a comunhão, entre outros, é pensar num mundo melhor, é pensar numa sociedade que não vai formatar à nascença o nosso livre arbítrio e que nos vai deixar fazer parte da peça em vez de apenas nos deixar pagar o bilhete para a nossa vida…

quinta-feira, 12 de março de 2009

Yin e Yang

No inicio existiam dois e um copo, ou melhor uma jarra muito apertadinha, neste momento existem quatro, um aquário, pedras azuis, um ventilador e água de qualidade devido a um produto cinco estrelas comprado na loja. Qualquer dia parece um castelo lol
Os meus dois novos inquilinos são de origem chinesa e daí os nomes Yin e Yang,. Um deles prateado o outro dentro dos dourados e vermelhos, as suas caudas longas fazem o aquário parecer um novo mundo…
Devo confessar que houve uma aventura onde o Yang morreu e ressuscitou, um verdadeiro milagre… Uma pessoa que nunca teve um aquário vai a uma loja de animais e diz o tipo de aquário que tem, ou seja o tipo bolinha… Que pensa que os peixinhos estão a morrer de falta de ar e dão-lhe um filtro em vez de um ventilador… Ora eu coloco o filtro e não é que o meu aquário passa a ser um parque de diversões com direito a montanha russa!!! Pois é verdade. Os peixinhos, gostando da nova brincadeira entram no fluxo de água, que tem bastante pressão e o pobre do Yang não aguenta a pancada no outro lado do aquário, previsível. Aquilo esteve posto 2 minutos, mas a pancada deve ter sido forte, porque quando voltei a casa, passado quatro horas, o Yang estava surdo, eu bem o chamava, mas ele resolveu não dar sinais de me ouvir… No dia seguinte voltei à loja e contei o sucedido. Como desta vez a pessoa que me atendeu percebia do assunto, deu-me o aparelho correcto e ofereceu-me um novo Yang, sendo este ressuscitado no aquário cá de casa…
Acho que descobri um novo hobbie e estou a amar cada passo da construção.
E como um dos meus hobbies é a fotografia, não podia deixar de vos contemplar com os meus bebes, o Sunlight, o Moonlight, o Yin e o Yang…




sábado, 7 de março de 2009

Sunlight and Moonlight

Sempre pensei ter um animal de estimação. Pensei sempre num gatinho preto, mas depois que o meu soneca se foi, tive de pensar bem no assunto. Uma relação com um animal é algo mais do que tratar dele, dar-lhe de comer e dar-lhe os cuidados básicos. É aprender a amá-lo e deixar que ele faça o mesmo à sua maneira. Ele morreu no dia antes dos meus anos... o que não me deixou com grande ânimo.
Mas de repente lembrei-me... e se fossem peixes??? eles não têm o mesmo comportamento para com as pessoas como um cão ou um gato, mas fazem companhia e têm a vantagem e de ser calmante...
Então adoptei o Sunlight e o Moonlight dois cometas um amarelo e um vermelho. Agora já têm casa, ou seja um aquário... e são lindos...