segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Uma sociedade sub-urbana "O metro"

Milhares de pessoas perdidas de baixo de terra, todos os dias. Todos se tocam, cheiros que se fundem, olhares que se trocam, envergonhados, descarados, desconfiados.
São estranhos que se vêm todos os dias, que passam tempo juntos, mas não existem nem "olás" nem "bons dias". Apenas indiferença de pessoas cansadas da rotina.
Joga-se ao jogo das cadeiras. Pessoas que entram, outras que saem. Atropelam-se sem desculpas, sem cuidados...
Não são humanos, são animais, presos... entre carruagens, arrumados como podem, apenas a olhar os outros.
Ouve-se o barulho dos carris. Corpos semi-mortos são sacudidos com os arranques e paragens sucessivos.
Ninguém quer saber de ninguém.
Vidas estranhas, emaranhadas num local morto por definição.
Olho um pai e um filho. Entram numa estação e tentam encontrar espaço. O filho pendura-se e o pai previne-o.
Apesar de portugueses, o pai tira um livro de baixo do braço e lê em inglês ao filho. Em voz alta. Existem olhares curiosos, pessoas que, sem perceber, ficam a ouvir o que diz. Mas o filho ouve atento.
Um casal de namorados, junto a uma das portas, troca carícias e palavras discretas.
Uma velhota, faz a sua malha, sem ligar ao mundo que a rodeia...
E eu, perco-me neste mundo, cheio de vidas separadas, unidas para criar a sociedade em que vivo.

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